Nota
a Imprensa
A
verdade sobre os
pretensos ataques
de tubarão
no Rio.
Como
biólogo marinho,
especialista em
peixes marinhos,
e diretor do Instituto
Ecológico
Aqualung, me sinto
na obrigação
de esclarecer o
que vêm ocorrendo
no litoral do Rio.
Fatos absolutamente
isolados estão
sendo reunidos,
de forma oportunista,
para criar falsos
alarmes de perigo
de ataque de tubarão,
gerando medo e insegurança
para a população
do Rio.
Fato 1 -
Na 5ª feira,
dia 24, um praticante
de para-pente informa
ao Corpo de Bombeiros
ter avistado dois
tubarões
na praia da Barra,
gerando o primeiro
"alarme"
sobre tubarões
no litoral do Rio.
Comentários:
no litoral do Rio
vivem diversas espécies
de tubarões
há milhões
de anos. Avistar
alguns espécimes
em uma dia com águas
claras e quentes,
ainda que seja uma
curiosidade, não
é nenhuma
novidade e não
representa nenhum
tipo de ameaça.
Fato 2 -
Na 5ª feira,
dia 24, um banhista,
pegando jacaré
na praia de Copacabana,
alega ter sido mordido
por um tubarão.
Sofreu cortes em
dois dedos da mão
direita.
Comentários:
não há
evidências
que comprovem ter
sido um ataque de
tubarão.
Uma mordida de tubarão
não provoca
"cortes"
no dedo. Ataques
de tubarão
no Rio são
muito raros e absolutamente
improváveis.
O último
registro de ataque
de tubarão
em Copacabana foi
em 1947 e mesmo
assim foi um acidente
e não um
verdadeiro ataque.
Fato 3 -
Na 6ª feira,
dia 25, um pescador
captura em Grumari,
com uma rede de
pesca, um tubarão
da espécie
´Mako. O exemplar
é mostrado
ao público
como um troféu
e passam a relacionar
sua captura com
o pretenso ataque
em Copacabana.
Comentários:
cações
e tubarões,
de diversas espécies,
incluindo o Mako,
são capturados
todos os dias pelos
pescadores. Esses
tubarões
capturados são
comercializados
nas peixarias e
mercados. Relacionar
a captura de um
tubarão Mako
com o ataque de
Copacabana é,
no mínimo,
uma irresponsabilidade.
Afirmo, categoricamente,
como especialista,
que os dois fatos
são isolados
e nada têm
a ver um com o outro.
Fato 4 -
No sábado,
dia 26, um grupo
de banhistas, na
praia da Joatinga,
arrastam para fora
da água um
tubarão e
o matam a pauladas
na areia. Enquanto
batiam no animal,
um dos banhistas
foi "arranhado"
pelos dentes do
tubarão.
Comentários:
estive no sábado
no 2º G-Mar,
da Barra, para onde
foi levado o tubarão,
inicialmente chamado
de tigre, e o identifiquei
como sendo da espécie
mangona. Existiam
vários relatos
desencontrados sobre
como e porque o
animal apareceu
na praia. No entanto,
dizer que ele estava
perseguindo alguém
e encalhou na areia,
certamente é
falso. A mangona
é muito comum
no litoral Sudeste,
porém não
costuma chegar tão
próximo da
arrebentação,
muito menos no raso.
Não é
uma espécie
agressiva e, absolutamente,
não é
perigosa. Não
há registros
de ataque no Brasil.
Essa espécie,
inclusive, encontra-se
em perigo de extinção.
As fotos mostrando
os banhistas arrastando
o tubarão
pela cauda para
fora da água
indicam que o animal
estava morimbundo,
pois nenhum homem,
por mais forte que
seja, consegue capturar
e arrastar um tubarão
são (sadio
e vivo) para fora
da água.
Mesmo ferido e quase
morrendo um tubarão,
ou qualquer outro
animal com dentes
afiados, pode ser
perigoso se acuado
e agredido. O arranhão
sofrido por um dos
banhistas demonstra
isso.
Não há
mudanças
no meio ambiente
e nem fenômenos
atípicos
que possam ser utilizados
como argumento para
o aparecimento de
tubarões
nas praias. A ocorrência
de tubarões
em nosso litoral
sempre foi e continua
sendo um fato muito
comum. Não
há nenhuma
razão plausível
para alertas sobre
perigo de ataque.
É lamentável
e muito ruim para
a imagem do Rio
de Janeiro termos
falsas notícias
sobre ataques de
tubarões,
que, se não
esclarecidas a tempo,
podem vir a provocar
pânico.
Marcelo Szpilman
Diretor
Instituto Ecológico
Aqualung
Rua do Russel, 300
/ 401, Glória,
Rio de Janeiro,
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