PORTALBARRA: As escolas públicas são diferentes das escolas dos outros bairros?

Profª Ignezita: Como a nossa escola é pública, ela atende a qualquer aluno que bata às nossas portas. Não importa a classe social ou raça. Eu acho que esse preconceito não vem das crianças, mas muitas vezes de seus pais.

Antigamente - eu posso dizer isso porque dirijo escola na Barra desde 79 - existia muito este problema, mas com o trabalho que a gente desenvolve, com a conscientização das pessoas, isso hoje em dia já não é prioritário. Pelo contrário: eu acho que as pessoas entendem que no mundo de fora nós lidamos com todas as classes sociais, então eu não sinto esta discriminação. Sou muito clara e sempre fui favorável a esse ponto, para que esses alunos, as pessoas que são mais afortunadas financeiramente, que tem berço e que tem condições de adquirir materiais melhores elas vão valorizando mais o que têm, e ajudando ao seu semelhante. Estamos desenvolvendo este trabalho fazendo desde os primórdios da escola municipal em Barra da Tijuca.

PORTALBARRA: O material pedagógico das escolas públicas estão acompanhando o nível das escolas particulares?

Profª Ignezita - Com certeza. Além do próprio material que recebemos do município, também contamos com uma verba federal para ser utilizada na compra de material didático. Todas as escolas possuem biblioteca com um acervo muito grande, além de jogos didáticos. Os professores recebem capacitação durante o ano inteiro, se você fizer uma pesquisa, vai verificar que a maioria dos professores das escolas particulares são oriundos também da rede pública. Nós temos vários casos.

PORTALBARRA: A informática já chegou à escola pública?

Profª Ignezita: Nós temos nas escolas a sala de leitura pólo. Essas escolas de leitura pólo têm seu laboratório, onde cada um possui dez computadores, somente para trabalhar com os alunos. Na Escola Zuleika de Alencar, no Condomínio Alfa Barra, e na Escola Tristão de Ataíde, no Condomínio Mandala, temos pólos de informática, onde os alunos estudam e pesquisam no laboratório de informática.
As outras escolas são as "satélites", pois elas recebem todas as informações através da escola pólo, através de reuniões e do que elas devem dinamizar nas suas escolas.

PORTALBARRA: Existem vagas para todos os alunos que procuram a escola pública?

Profª Ignezita - A demanda é muito grand, inclusive de alunos oriundos de escolas particulares, que já é um problema social. Acho que estamos atendendo a todos que nos procuram, mas provavelmente no início do ano de 2003 teremos que construir outras escolas. Já sinalizamos isso para a Secretaria Municipal de Educação.

PORTALBARRA: Quantas escolas públicas existem da Barra até o Recreio?

ProfªIgnezita:
São 26 escolas, o que é pouco. Como a comunidade da Barra foi crescendo, as escolas estão todas ocupadas, e funcionando todas em 2 turnos, não temos nenhuma escola em 3 turnos.

PORTALBARRA: Existe algum curso extra-curricular nas escolas públicas?

Profª Ignezita:
- No condomínio Novo Leblon, na Escola Albert funciona o Núcleo de Artes, onde os nossos alunos e qualquer aluno da rede podem ser matriculado para desenvolverem as suas habilidades extra-curriculares. Fora do seu horário de aula, ele tem opção de 3 oficinas: teatro, música, artesanato.
A procura é muito grande.Importante: isso não é só para os nossos alunos, também atende a comunidade.

PORTALBARRA: Os cursos são gratuitos?

Profª Ignezita:
- Sim, tudo é totalmente gratuito. Na escola Sérgio Buarque de Holanda, no Condomínio Parque das Rosas, funciona o Pólo de Educação para o Trabalho, onde é desenvolvido cestaria, fotografia, entre outras várias opções. Na escola Albert Einstein, no Condomínio Novo Leblon, à noite, numa parceria com o Dr. Carlos Casé, nós cedemos um espaço para a busca de novos talentos em esportes, em basquete e vôlei.. Realmente se descobre talentos, aqui. É uma oportunidade que as pessoas necessitam, e muitas vezes não têm, não sabem que têm essa habilidade, pois não têm oportunidade.

PORTALBARRA: Estes projetos são divulgados?

Profª Ignezita:
- Não. Eu acho que nós temos um trabalho muito bonito, que precisa ser reconhecido pela comunidade, ele tem que extravasar realmente, ultrapassar os muros das escolas, para que as pessoas conheçam o trabalho.

PORTALBARRA : Como é que está o movimento de amigos da escola?

Profª Ignezita:
- Nós temos escolas que foram abraçadas diretamente pelo projeto, como a Lina de Brito, em Curicica, o pólo de educação pelo trabalho, que hoje está na Escola Sérgio Buarque, no Condomínio Parque das Rosas . Com o sucesso dos amigos da escola nessas duas escolas, nós tivemos uma multiplicação de pessoas da comunidade que quiseram se inserir nesse projeto.

PORTALBARRA: Terminando nossa entrevista, qual deve ser o principal papel de uma escola?

Profª Ignezita:
- A escola deve ser um centro de referência de cultura de um país, e não ficar restrita a cumprir uma grade curricular. Este é o caminho para formarmos cidadãos e garantirmos a todos o direito de terem melhores chances na vida.

 
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