ESCOLA INCLUSIVA.
ESTÁ NA HORA DE APRENDER QUE
O NORMAL É SER DIFERENTE.
CLÁUDIA WERNECK

Quando Cláudia Werneck começa a conversar sobre instituições de ensino como um terreno fértil para o exercício-cidadão da felicidade, seus olhos brilham mais por trás dos óculos, seu rosto se ilumina, sua voz soa mais firme, suas palavras brotam soltas, espontâneas e contundentes.
Cláudia fala o que pensa, escreve o que sente, divulga o que prega. Seus 8 livros trazem o selo de recomendação do Unicef e da Unesco, como leitura obrigatória para quem deseja entender os conceitos de educação e sociedade inclusivas.
Títulos publicados: Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva; Muito Prazer, eu existo; Meu amigo Down (coleção infantil); Um amigo diferente (livro infantil); Sociedade inclusiva. Quem cabe no seu todos?; Mas ele não é mesmo a sua cara?

Cláudia Werneck, jornalista, responsável pelo projeto "Muito Prazer, eu existo" integrante do Down Medical Interest Group (instituto de pesquisa internacional em síndrome de Down), recebeu a equipe de reportagem do PortalBarra no aconchegante jardim de sua casa na Barra para falar do papel da escola como cúmplice dos pais na educação de futuros cidadãos brasileiros.

PORTALBARRA: O que é ser uma escola inclusiva?

Cláudia Werneck:
-Antes, é preciso esclarecer sobre a palavra inclusão, que vem sendo mal utilizada e confundida com integração. As pessoas acham que inclusão é privilégio de portadores de deficiência, é fazer alguma coisa somente para beneficiá-los, quando na verdade essa prática traz benefícios para todos. As escolas brasileiras, públicas ou privadas, com raras exceções, têm uma proposta segregadora bem disfarçada, exercitam a discriminação, a competição, a falta de solidariedade, a não ética. E isso ninguém vê. De repente, entra uma criança com deficiência na escola e vira "o problema", muitas vezes torna-se o bode expiatório e acaba sendo expulso por várias alegações, sem valor jurídico ou pedagógico.
Uma escola inclusiva é aquela que é feita para TODOS, mas todos mesmo, sem exceções, de uma forma incondicional. No dia em que a escola for boa para uma criança com deficiência, ela será boa para todos.

PORTALBARRA: Como as crianças reagem quando chega um colega deficiente em sua classe?

Cláudia Werneck:
- Todas as crianças nascem aptas a lidar com qualquer tipo de condição humana. A escola e a família (com raras exceções), numa aliança perigosa, começam a insinuar para os pequenos que a deficiência é uma coisa muito triste, mas que não há razões para preocupação, porque dificilmente isso fará parte de sua vida. A criança começa então a viver uma farsa, pois a deficiência faz parte da vida e quem não aprende a conviver com ela desde cedo se tornará um "cidadão pela metade". Este cidadão tem o direito de conhecer a humanidade como ela é, e não como a sociedade gostaria que fosse. Buscar um padrão homogêneo de comportamento nas pessoas é uma violência. Portanto, a escola inclusiva é a que precisamos, aquela que não gera baixa auto-estima, mas, ao contrário, fomenta líderes, articulações ético-políticas e que então se torna o "local de encontro universal de gerações", de todas as pessoas nascidas naquela geração.

PORTALBARRA- Já existe algum avanço da política de inclusão social neste sentido?

Cláudia Weneck: - Sim. O Ministério Público no último ano decidiu abraçar a causa de inclusão de crianças, jovens e adultos com deficiências e hoje vemos o Brasil se mobilizando para fazer cumprir as leis, principalmente nas escolas e nas empresas. O nosso grande desafio é o da mentalidade. Mesmo que haja a obrigatoriedade de vagas para os deficientes, o preconceito continua. Em nossa sociedade, não há lugar para atitudes como "aceitar" o deficiente, num gesto de solidariedade e se sentir bonzinho ou piedoso. Somos apenas cidadãos responsáveis pela qualidade de vida de nosso semelhante, por mais diferente que ele seja ou nos pareça ser.

Para saber mais sobre o assunto, acesse:
www.caleidoscopio.aleph.com.br
www.inclusion.com
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www.entreamigos.com.br

 
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