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NOSSAS
LAGOAS NÃO SÃO LATA DE LIXO!
Mário Moscatelli
Para denunciar
os crimes ambientais que vem ocorrendo na Barra da Tijuca,
o biólogo Mário Moscatelli não se contenta
em ficar só nas palavras. Ele faz questão de
mostrar, ao vivo e a cores, o objeto de sua denúncia.
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Ao ser procurado
para falar da degradação das lagoas da região,
Mário convidou a equipe de reportagem do PortalBarra para
um passeio de barco na Lagoa da Tijuca, num dia em que a maré
estava baixa.
Navegar naquelas
águas marrons e com um mau cheiro insuportável (proveniente
da liberação de gás metano e sulfídrico)
não foi uma tarefa fácil. O barco precisava ser desviado
das dezenas de sofás, pneus, garrafas plásticas, pedaços
de madeira e uma infinidade de detritos que boiavam.
Em alguns trechos,
o barco encalhava no lodo ou nos aguapés, vegetação
que retira o oxigênio da água e mata a vida aquática
e que já está ocupando 70% do espelho d'água.
- A situação
começou a piorar em 1996, com a ocupação irregular
das comunidades, que cresceram num ritmo assustador. Hoje, são
despejadas 800 toneladas de esgoto por dia nesta lagoa, diz Moscatelli.
- A poluição das águas afeta diretamente a
fauna e a flora. Cerca de 70% dos manguezais também estão
comprometidos. Se nada for feito de imediato, dentro de 5 a 10 anos
a Lagoa da Tijuca corre o risco de desaparecer.
Saindo da lagoa,
o barco seguiu pelo canal e foi até o quebra-mar, onde a
mancha do esgoto avançava pelo mar.
- O esgoto e o lixo são succionados pela maré baixa
e carregados até a praia- explica o biólogo - O que
salva ainda estas lagoas é que, durante as marés altas,
a água do mar entra com oxigênio, que dá um
suspiro no meio da lagoa.
Qual a solução para salvar as lagoas?
- É um programa amplo que compreende 3 etapas, diz Mário.
Primeiro: fiscalização intensa, entre município
e estado, para evitar que faixas marginais das lagoas sejam ocupadas.
Segundo: dragagem da lagoa que, segundo as estimativas da própria
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, são 3 milhões
de metros cúbicos de lama, terra e lixo; Terceiro: conscientização
da população para tratar bem de seus recursos naturais.
Moscatelli reuniu
todas as suas observações em um relatório e
encaminhou aos ministérios públicos estadual e federal,
pedindo providências imediatas e avisou:
- Ainda dá tempo de salvar todas as lagoas da Barra, desde
que se faça alguma coisa agora, já. Amanhã,
pode ser tarde demais.
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