Por que estamos assim?
Se o alimento essencial da emoção é o carinho e a atenção, por que estamos todos morrendo à mingua desses alimentos?
Existe uma metáfora muito interessante que explica, em parte, porque não conseguimos mudar, com facilidade, esse duro aspecto das nossas vivências atuais.

É a história do Elefante Amestrado.
"Certa senhora foi visitar um circo e surpreendeu-se ao perceber que um enorme elefante encontrava-se amarrado em uma estaca de madeira. Logo questionou o amestrador de animais porque aquele bicho tão forte não se soltava daquela situação. O homem prontamente lhe respondeu que ele não se soltava porque era amestrado.
A senhora, então, retrucou: Não é necessária , pois, a estaca...
E o amestrador lhe explicou:- É, sim. Ele foi preso a essa estaca quando era pequenino. Na ocasião, ele tentou de todas as maneiras se soltar até desistir.
Hoje ele não sabe a força que tem. Aprendeu, na infância, que deveria manter-se ali."

Verificamos nessa pequena história a diferença entre educar e domesticar, entre habilidade e competência.
Educar é desenvolver as habilidades que a criança possui em germem e, principalmente, torná-la consciente de que o seu potencial é ilimitado. Torná-la consciente do seu potencial é a competência. Diz Bruno Bettelheim que o mais importante a ser ensinado a uma criança é o "significado da vida". O homem foi criado para o amor e a felicidade, eis o significado da existência. Quem se permite viver diferente disso precisa ser reeducado.
Domesticar é estabelecer regras prontas, fincar "estacas" em seus pés (usando a imagem da história), tornando-a medrosa e incapaz para a criatividade que a vida adulta exige. Estabelecer regras sem que a criança as compreenda e sem a sua participação é domesticar e não educar. Somos todos co-criadores com Deus e permitir que se atrofie o potencial criador é o maior crime que se pode cometer na educação de uma criança.
Assim, comece hoje, a manifestar o afeto que existe em seu coração. Se foi tratada com rudeza e indiferença na sua infância, retire essa estaca que amarra o seus pés. Tome consciência do seu pontencial. Precisamos conquistar a competência para mudar, basta que queiramos. Essa conquista depende da vontade, que segundo Pestalozzi é a energia mais poderosa da mente humana.
Diz Gustavo Bernardo:" O coração do homem perde todo o seu batimento, todas as emoções que valem a pena, toda sua força e vontade, quando domesticados."( do seu livro Redação Inquieta). Liberte a sua criança. Deixe o seu filho educar você.

Leila Silva Brandão
Autora do Livro "Manual para Professores e Pais de Primeira Viagem"